16.12.10

Devia chamar abstinência


Finas gotas desciam daquele céu nebuloso. Escorriam pelas janelas dos carros que passavam e levantavam timidamente a lama que estava empossada ali por perto. Já passava das oito e meia da noite e Maristela estava na rua de um bairro desconhecido, esperando que um ônibus passasse para que ela voltassem, enfim, para o aconchego de seu lar.
Os pais deviam ter saido de casa, e provavelmente estavam em algum lugar onde não podiam atender ao celular. Lhe restava terminar o domingo assim... Esperando no ponto, em companhia de um travesti. Ela estava de vestido florido, ele de short jeans minúsculo e agarrado que o incomodava no andar. Maristela tapava a brisa com um sueter azul claro, ele com uma justa e curta blusa de malha acompanhada de uma jaqueta também jeans. Seus cabelos eram longos, naturalmente lisos e negros, os dele curtos, com manchas louras, um enrolado indefinido...
Uma luz despontou no começo da rua e o travesti veio na direção de onde ela estava:
- Ai! Que ônibos demorado!
A seta piscou anunciando que ia dobrar à esquerda:
- Aaah! Não acredito! Ainda não é esse?!
- Acho que não.
Maristela sentiu-se sem cultura, estava ali, ao lado de um tipo de criatura entre as que mais sofrem preconceito no mundo, alguém que provavelmente já tinha vivido o dobro de sua vida, um homem (ou mulher, como desejar) que não tinha o que perder para a vida.
Era daquilo que precisava, VIVER. Só assim sua vida passaria a significar algo para alguém, para o mundo. Não se tratava de repetir o que aquele travesti fizera. Tratava-se saber o que queria, definir seu futuro e esforçar-se para que se tornassem realidade todos os seus sonhos. Não foi sentado, esperando o dinheiro dos pais que Marcos Pontes chegou à Estação Espacial, que Carol Castro havia se tornado uma excelente atriz, que Edson Celularia tinha conquistado o Brasil através da Globo.

Ainda caiam aquelas gotas quando o taxi deixou a jovem no portão do condomínio.
Ela correu pelas vielas até chegar em casa. Liberou rapidamente as portas e sentou-se na frente do computador. Abriu um arquivo de texto e começou a teclar tudo aquilo que a sua mudança de mundo, pelo menos por um dia, tinha lhe proporcionado aprender e observar. Não poderia variar sua inspiração em um momento de ideias saturadas se não tivesse ido entregar seus velhos brinquedos naquela instituição de caridade em plena favela.

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Olá, olá, olá pessoas!
Estou aqui graças à cozinha. Minha mãe me mandou para lá e eu voltei com a ideia desse texto.
Tenho mais uma coisinha para compartilhar com vocês: criei um Flickr . Algo que eu gosto de fazer de um jeito que me dá menos trabalho do que o blog, porém, não mais prazer!
Espero que gostem!

5 comentários:

Mariana D. disse...

Bom te ver :)
Qual o teu flickr?

Mariana D. disse...

Hehe, nevermind.
Acabei de ver o link.

Jeniffer Yara disse...

Gostei sim *.* Do post e do Flickr! hehe
Te adicionei lá ;)

Beijo

Unknown disse...

deixei um desafio pra você no meu blog. Passa lá depois

Paula Sabrina * disse...

Legal, Joy...
ainda não passei pelo flickr,mas dou uma olhada lá, assim que puder. E é sempre bom ler seus pensamentos expostos... :D

Mtas, mtas saudades de ti, garota.
Um beijo e um abraço beeem apertado!

Até breve...