14.3.11

Depois de Orgulho e Preconceito



Sinto e nem sei mais o que. As únicas certezas que eu tenho são das lágrimas frias em meu rosto, do cansaço das minhas pernas depois de atravessar os campos para te alcançar e da barra do meu vestido suja de lama.
Sinto ou penso? Está certo quem diz que sentimento é pensamento? Pois se está, isso por uma fração de segundo me alegra, por ter a fina linha de esperança de que posso mudar meus pensamentos.
Penso? Será mesmo que meus neurônios já tão perturbados estão em condições de identificar alguma coisa? Ou eles são mais fortes do que meu corpo que anda já tão abatido? Este meu corpo ressequido sobre os lençois imploram por piedade. E tu, meu Darcy, és orgulhoso em demasia para oferecer a mim um copo de água sequer.
Não posso me imaginar agindo como ti se te visse nas mesmas condições que estou nesse momento. Eu lhe estenderia a mão. E estaria o tempo todo aqui ao seu lado.
Mas parece que nessa nossa história estamos em personagens trocados. Tu és o Darcy, mas eu, não nasci Lizzy. Sou a Srta. Bennet, a doce e tímida Jane que se cala quanto aos seus sentimentos. A jovem que em silêncio sofre e ainda acalenta o próprio silêncio.
Esta é uma história de contrastes, meu querido. O contraste entre sua riqueza e finesse e a minha vida humilde e rústica. Entre a cultura de teus pensamentos nobres e a superficialidade das dores de meu peito. Entre a paz do seu castelo, e a turbulência de minha mente.



Com dores, minha alma.

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Depois de assistir "Orgulho e Preconceito"- Jane Austen e ouvindo a trilha sonora do mesmo filme.

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