Impulso

Passei aquela aula inteira tentando me concentrar nas mais mirabolantes fórmulas de física. Considerei que fosse humanamente impossível ignorá-lo, então me rendi ao ócio de ficar ali, deleitando-me com a beleza e simpatia de alguém conhecido apenas à vista.
No fim daquele período saímos da sala de aula, lá fora a neve caía e deixava tudo em uma paz perturbadora, não se importava. Me esforcei para conseguir chegar rapidamente ao meu armário e despejar meus livros e cadernos. Corri em direção ao refeitório, mas não entrei, só entraria depois que ele entrasse e falasse comigo, pelo menos me cumprimentasse.
Quando o vi andando no corredor com expressão de : "estou à procura de alguém", percebi meu coração disparando, as pontas dos dedos gelando e uma vontade contida de segui-lo com meus olhos. Veio andando depressa e eu dei um passo à frente. Foi quando, quase trombando comigo, ele sorriu e foi de encontro aos amigos.
Então eu segui meu caminho, fiquei imaginando como seria no dia seguinte, enquanto mastigava meu almoço sem sentir gosto algum.
Mas eu sei, da próxima vez não vou cumprimentá-lo, nem receberei seu cumprimento. Só que um dia eu ainda junto todas as minhas forças e digo: "Olá!"



PS.: Hum... quisera eu estudar numa escola nos EUA, com neve caindo e refeitórios lotados de gente. O armário já tem ;)
Sem músicas dessa vez...