Idealizando

Recomendação: Leia e imagine as cenas.


Todos conversam calma e descontraidamente na sala de estar. As duas se encaminham para o ringue, mais propriamente dito, o jardim de inverno aos fundos da casa.
"Finalmente, depois de rodarmos muito e perdidos, a placa: Cachoeirinha a 10Km. Mas então, PUFFSSS. O pneu furou!". "Ha! Ha! Ha!".
Quando seus olhos se encontram é como se uma zarabatana envenenada ultrapassasse o ar em milésimos de segundos. Os punhos se serram.
"Uma piada: Piu!". "Hããã! Ha! Ha! Ha!".
Cada mililitro de ódio voa e faz os pássaros se calarem, como se soubessem que a briga vai começar.
"Hora de pôr a mesa!" "Meninada, larguem o videogame e pulem pra cá!".
Nenhum grunhido, nem chingamento. Apenas os passos pesados em direção à inimiga.
"Mãe! Seu macarrão está uma delícia! Me passa a receita?" "Julinha, pegue uma caneta para a tia, por favor?!".
De repente, um golpe ágil desferido percorre o ar e em um segundo a vítima está presa entre o braço e o tronco da mais rápida. O pescoço teima em não se mexer.
"E a louça a ser lavada vai para... Lucaaas!"
Com um pulo parecido com uma cambalhota a vítima ataca e agarra o braço esquerdo da inimiga. A joga nas próprias costas e só com um puxão coloca a oponente no chão.
"Ha! Ha! Ha! Alguém lembra da Suzane ouvindo o CD dos Backstreet Boys no último volume? Essa é hilária!"
O sangue escorre do nariz da mulher que está estirada no piso de pedras.
Com passos frios e olhos faiscantes a vencedora se afasta. Abre o portão, fecha com o som encoberto pelos risos. Entra no Porche preto e sem placa estacionado do outro lado da rua. Num roupante, parte em direção ao precipício.


PS.: Aí está meu lado violento. Mas eu nunca fiz nem faria algo do tipo.