Olá terráqueo

Olá humano desprezível,
Sabe, ultimamente tenho pensado muito em te dirigir a palavra. Não, é claro que você não sabe, não tem o poder de ler mentes como eu. Mas ainda bem, ou não, eu posso ver tudo o que você pensa, como se fosse um filme. Desagradável isso.
É, sinta-se incomodado, pelo menos por um momento. Porque eu me sinto desagradável sempre, tendo que assistir a vida de tanta gente ao mesmo tempo. Mas não pense que por isso tenho o mesmo sonho de Pinóquio: virar humana de verdade. Prefiro continuar lendo sua mente infrutífera, com os mesmos pensamentos egoístas durante o dia todo, todos os dias. Ai, ai. Vocês humanos são tão hipócritas! Isso talvez seja a única coisa que me admira. Quanto à burrice de superpuluir o planeta, ignorar a fome de bilhões de pessoas, matar alguém de sua própria espécie, pecar por gula, luxúria, ira, preguiça, vaidade, orgulho ou avareza já é algo que minha espécie de certo modo já havia previsto.
Isso não é uma crítica ao seu Criador. É a vocês mesmos, seres que se sentem superiores por pensar mas não fazem bom proveito desse talento.
Bom, devo convir que você é um terráqueo especial, até agora o único que me fez saber o que é o amor. Pena que você pense demais sobre isso e eu tenho visto toda sua covardia em não assumir o que quer que seja: se eu sou especial pra você ou se me odeia.
Agora... Fique aí raciocinando nessas palavras. Tenho que ir. Mas voltaremos.
Em missão de paz!